Essa é a história de como Ogum virou Orixá
Após cada vitória nas batalhas que travava contra reinos vizinhos, Ogum, com um gesto de lealdade inquestionável, entregava a Odúduá, seu pai e rei de Ifé, todo o espólio conquistado. Portanto, Ogum destinava todo o espólio conquistado, seja ouro, terras ou prisioneiros de guerra, ao governante de Ifé, em um ritual que reafirmava a hierarquia e os laços familiares reafirmando, assim, sua lealdade.
Mas Ogum, em sua sede de poder, desejava sempre mais. Enquanto em uma de suas muitas expedições, ele tomou Irê, reino vizinho, em um ato de força brutal. Após eliminar o rei Onirê, impôs seu próprio filho no trono, autoproclamando-se “Ogum Onirê”, rei daquela terra. No entanto, a ambição de Ogum encontrava limites. Permitiu-lhe apenas uma pequena coroa, a “akorô”, que o identificaria como “Ogum Alakorô”, o rei da pequena coroa.
Com o passar dos anos, após garantir o futuro de seu filho em Irê, Ogum se entregou à guerra como nunca antes. Assim, a violência das batalhas era sua única companhia, um refúgio para seus conflitos internos. Ao retornar a sua terra natal, após longos anos de ausência, deparou-se com uma realidade que lhe era estranha. A paz que esperava encontrar foi substituída pela ira, quando interpretou o silêncio ao seu redor como um desrespeito. Cego pela fúria, destruiu e ceifou vidas inocentes, selando seu destino.
Consciente da gravidade de seus atos, consumido pela culpa, Ogum buscou a redenção. Em um ato de profunda transformação, desapareceu nas profundezas da terra. Assim, o guerreiro impetuoso, marcado pela violência, renasceu como uma divindade, símbolo de força, justiça e, paradoxalmente, da paz que tanto almejou.
Dessa forma, afundando na terra, Ogum virou Orixá.
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